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Usuários das redes sociais que acreditam estar interagindo com influenciadoras reais podem, na verdade, estar diante de personagens criadas por inteligência artificial.
Essas personas apresentam semblantes perfeitos, vozes programadas e falas construídas para gerar empatia, sendo produzidas por meio de programas como ComfyUI, Face Swap e técnicas de storytelling emocional (estratégia de usar narrativas para criar uma conexão profunda com o público, apelando para suas emoções e sentimentos).
A jornalista e pesquisadora Nina Marsili reforça que a principal dica para os internautas continua sendo a atenção ao contexto histórico desses conteúdos.
“Será que faz sentido o que está sendo dito? As roupas, o fundo, os gestos? Esses detalhes, quando analisados com calma, podem mostrar a artificialidade por trás da personagem“, alerta Nina.
Esses perfis são desenvolvidos para parecerem humanos e utilizam imagens falsas, tráfego pago automatizado, tudo para atrair e manipular visualmente os usuários nas redes sociais.
Segundo o especialista em IA da Escola de Tecnologia Alura, Fabrício Carraro, “quanto mais essa tecnologia evolui, mais difícil vai ser fazer essa distinção”, destaca o especialista. Ele recomenda que os internautas desconfiem de qualquer conteúdo que pareça visualmente bom demais.
A prática, conhecida como “criação de influenciadores por inteligência artificial”, já movimenta um mercado milionário no mundo e o objetivo é transformar a carência emocional dos usuários em lucro recorrente.
Só no Brasil, há relatos de criadores que faturam mais de R$ 20 mil por mês, com essas personagens fictícias ou comercializando cursos que ensinam a replicar o modelo de negócio.
Dicas práticas para desconfiar de que a pessoa no vídeo não é real
- Expressões faciais robóticas, sem movimento natural dos olhos ou boca;
- Sorrisos exagerados e pouco naturais;
- Mãos com dedos demais (sim, isso ainda acontece);
- Pele lisa, como se tivesse passado por 20 filtros;
- Bordas borradas e sombras sem sentido;
- Pessoas que somem da imagem ou objetos flutuando sem lógica.
O alerta é importante porque o impacto é real, basta ver os comentários nas redes dessas IAs: homens apaixonados, oferecendo companhia, dinheiro e carinho.
Nos comentários das publicações, frases como “me chama aqui, meu amor” e “você é linda demais, quero te conhecer” indicam como há manipulação emocional nesse tipo de interação.
De acordo com relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a inteligência artificial deve impulsionar a economia global com cerca de US$ 990 bilhões até 2027.
Não é só sobre tecnologia ou inovação, é sobre como estamos nos relacionando no meio digital.
Até que ponto vamos permitir que algoritmos assumam rostos humanos para explorar carência, desejo e afeto?
Trata-se de uma nova forma de exploração emocional onde desejo, carência e ilusão são convertidos em máquinas de faturamento.
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