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Com mais de 148 milhões de usuários no Brasil e cerca de 3 milhões no Amazonas, o WhatsApp é o principal aplicativo de comunicação do país. Um documento técnico da empresa detalha como funciona o sistema de criptografia ponta a ponta que protege mensagens, chamadas e arquivos trocados entre usuários.
O material, atualizado pela última vez em novembro de 2021, explica que o aplicativo usa o Protocolo Signal, padrão internacional de segurança que impede que terceiros, inclusive o próprio WhatsApp, tenham acesso às mensagens em texto não criptografado. O sistema cria e descarta chaves de segurança a cada mensagem, o que impede que o conteúdo possa ser descriptografado mesmo que um aparelho seja comprometido.
Como funciona a criptografia ponta a ponta do WhatsAp
Cada aparelho cadastrado no aplicativo tem um conjunto próprio de chaves criptográficas. Quando uma mensagem é enviada, ela é transformada em código e só pode ser lida no aparelho do destinatário. Cada nova mensagem utiliza uma chave temporária diferente, reforçando o sigilo das comunicações.
Mesmo com o uso em múltiplos dispositivos, a segurança é mantida. O WhatsApp adota o modelo chamado de client fan-out, que envia mensagens separadamente para cada aparelho vinculado à conta do usuário. Dessa forma, se uma das chaves for comprometida, ela não pode ser usada para acessar mensagens enviadas a outros dispositivos.
Sincronização e múltiplos aparelhos com segurança criptografada
O recurso de múltiplos aparelhos, lançado gradualmente nos últimos anos, permite usar o WhatsApp em diferentes dispositivos sem depender do telefone principal conectado. Segundo o documento, a sincronização do histórico e das configurações é feita com a mesma criptografia ponta a ponta utilizada nas conversas.
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Os dados que transitam entre aparelhos, como contatos, figurinhas e mensagens recentes, permanecem inacessíveis para o servidor da empresa. O WhatsApp afirma que não possui as chaves capazes de descriptografar essas informações, garantindo que nem a própria empresa possa ler o conteúdo.Chamadas, arquivos e status também são protegidos
O documento confirma que chamadas de voz e vídeo, bem como o envio de arquivos de mídia, seguem o mesmo padrão de criptografia ponta a ponta. Cada anexo — imagem, vídeo ou áudio — é protegido com chaves temporárias e armazenado em nuvem apenas em formato criptografado.
Durante as chamadas, as chaves usadas para proteger o áudio e o vídeo permanecem apenas na memória do aparelho, sendo destruídas assim que a ligação é encerrada. Segundo a empresa, isso impede qualquer forma de interceptação, inclusive por parte do próprio WhatsApp.
Justiça não tem acesso ao conteúdo das mensagens
Apesar da segurança reforçada, o aplicativo pode fornecer dados em casos de investigação judicial, mas o acesso é restrito a informações cadastrais e registros técnicos. O conteúdo das conversas, das chamadas e dos arquivos compartilhados permanece inacessível.
Na prática, a Justiça só consegue acessar o teor das mensagens se tiver posse do aparelho do investigado e conseguir desbloqueá-lo. Como as chaves de criptografia ficam armazenadas apenas nos dispositivos dos usuários, nem o WhatsApp possui meios de descriptografar as mensagens sob ordem judicial.
O que pode ser entregue às autoridades são metadados, como números de telefone, horários de envio e recebimento, endereços de IP e informações sobre quando a conta foi criada ou acessada. Esses dados ajudam a identificar conexões entre usuários, mas não revelam o conteúdo das conversas.
WhatsApp Business: exceção à criptografia total
O documento também esclarece que nem todas as comunicações usam o mesmo nível de proteção. Quando empresas utilizam a API do WhatsApp Business hospedada por terceiros — inclusive pelo próprio Facebook —, as mensagens trocadas com clientes deixam de ser consideradas criptografadas de ponta a ponta.
Nesses casos, o aplicativo informa o usuário, exibindo na tela o aviso de que a conversa está sendo intermediada por um fornecedor. Assim, o conteúdo pode ser acessado pela empresa que opera o serviço.
Privacidade e limites da proteção
O sistema de criptografia do WhatsApp é um dos mais robustos entre os aplicativos de mensagem, mas não é infalível. Se o aparelho for invadido, roubado ou tiver backups desprotegidos, o conteúdo das conversas pode ser acessado por terceiros.
Para evitar riscos, especialistas recomendam usar autenticação em duas etapas, evitar salvar conversas em nuvens sem proteção e manter o aplicativo sempre atualizado.
Com o Brasil entre os países que mais usam o WhatsApp, compreender como a criptografia funciona e até onde ela protege o usuário é fundamental para garantir privacidade digital e segurança das comunicações.
Fonte: Documento técnico “Visão Geral da Criptografia do WhatsApp”, versão 6, atualizado em 15 de novembro de 2021.
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