O universo do streaming de música tem passado por transformações rápidas nos últimos anos, impulsionadas pelo avanço da inteligência artificial. Em 2025, a Deezer, uma das principais plataformas do setor, implementou um sistema global inédito para identificar e rotular músicas criadas por IA. A medida surge em resposta ao crescimento expressivo do envio de faixas sintéticas, que já representam uma parcela significativa do conteúdo disponibilizado diariamente no serviço.
Segundo dados recentes da própria Deezer, o número de músicas geradas por inteligência artificial aumentou cerca de 18% nos últimos meses, atingindo a marca de mais de 20 mil faixas por dia. Apesar de ainda corresponderem a uma fração pequena do consumo total, essas canções levantam preocupações quanto à autenticidade, à remuneração justa dos artistas e à integridade do ecossistema musical.
Como a Deezer identifica músicas criadas por inteligência artificial?

O novo sistema desenvolvido pela Deezer utiliza tecnologia própria para analisar e detectar faixas produzidas por ferramentas de IA generativa, como Suno e Udio. O processo envolve a avaliação de padrões sonoros, estruturas de composição e outros elementos característicos de músicas sintéticas. Além disso, a plataforma está investindo em métodos que permitam reconhecer conteúdos artificiais mesmo sem treinamento prévio, tornando a detecção cada vez mais precisa.
Quando uma música é identificada como criada por inteligência artificial, a Deezer aplica um selo específico ao álbum ou faixa. Esse rótulo serve para informar os usuários sobre a origem do conteúdo, promovendo transparência e permitindo escolhas mais conscientes. A expectativa é que, com o avanço da tecnologia, o sistema consiga acompanhar a evolução das ferramentas de IA e manter a identificação sempre atualizada. Vale mencionar que especialistas destacam que a Deezer está ampliando sua base de dados de exemplos para refinar ainda mais a acurácia das detecções.
Quais medidas a Deezer adota para proteger artistas e combater fraudes?
O aumento do envio de músicas sintéticas trouxe à tona preocupações relacionadas à fraude e à distribuição de royalties. De acordo com avaliações internas da Deezer, até 70% dos streams dessas faixas são criados com o objetivo de manipular o sistema de remuneração. Para enfrentar esse desafio, a plataforma implementou uma série de ações estratégicas:
- Exclusão de execuções fraudulentas: Streams identificados como manipulados são removidos dos cálculos de repasse de royalties.
- Retirada de faixas sintéticas das recomendações: Músicas 100% geradas por IA deixam de aparecer em playlists editoriais e sugestões algorítmicas.
- Rotulagem clara: Usuários passam a visualizar um selo que indica a origem artificial das faixas.
Essas medidas visam garantir que artistas e compositores recebam remuneração justa e que o conteúdo autêntico continue sendo valorizado nas plataformas digitais. Além disso, a Deezer reforçou parcerias com federações de direitos autorais visando ampliar sua atuação no monitoramento de fraudes e proteger ainda mais os criadores presentes no catálogo.
O que muda para o mercado musical com a identificação de músicas por IA?
A decisão da Deezer de rotular e limitar a exposição de músicas criadas por inteligência artificial reflete uma preocupação crescente em todo o setor musical. Estimativas recentes apontam que até 25% da receita dos criadores pode estar em risco até 2028 devido ao uso de obras protegidas no treinamento de modelos de IA. Esse cenário representa um desafio relevante para gravadoras, compositores e intérpretes, que buscam garantir seus direitos em meio à transformação digital.
Além de proteger os interesses dos artistas, a iniciativa da Deezer contribui para o debate sobre ética e transparência no uso de inteligência artificial na música. Ao adotar uma abordagem responsável, a plataforma fortalece a confiança dos usuários e estabelece um novo padrão para o mercado de streaming, incentivando outras empresas a seguir o mesmo caminho. Outras plataformas de streaming começaram a analisar iniciativas semelhantes, demonstrando um movimento global de adaptação às novas dinâmicas do mercado musical.
Como os usuários podem identificar músicas geradas por inteligência artificial?
Com a implementação do novo sistema, identificar músicas criadas por IA na Deezer tornou-se mais simples. Basta observar o selo específico exibido ao lado do nome da faixa ou do álbum. Essa sinalização permite que os ouvintes saibam exatamente quando estão diante de uma produção sintética, facilitando a escolha entre conteúdos humanos e artificiais.
- Acesse a plataforma Deezer normalmente.
- Procure pelo selo de identificação em álbuns e faixas.
- Consulte as informações adicionais fornecidas pela plataforma sobre a origem do conteúdo.
Essa transparência reforça o compromisso da Deezer com a integridade do catálogo e a valorização da produção artística genuína. O movimento também acompanha discussões globais sobre direitos autorais e o impacto da inteligência artificial no setor cultural, mostrando que a tecnologia pode ser aliada da criatividade quando utilizada de forma ética e responsável. Vale ressaltar que a plataforma está estudando a inclusão de filtros extras que possibilitem aos usuários ocultar conteúdos rotulados como IA, ampliando ainda mais as opções de escolha.
Quais são os principais desafios na regulamentação de músicas geradas por IA?

A regulamentação de músicas geradas por inteligência artificial ainda é um campo em evolução e apresenta obstáculos significativos. Em muitos países, as legislações de direitos autorais não preveem explicitamente como devem ser tratados conteúdos criados por algoritmos, gerando incertezas jurídicas sobre quem detém a autoria e os direitos de exploração dessas faixas. Além disso, há desafios na fiscalização e no monitoramento eficaz do uso de trabalhos protegidos no treinamento de modelos de IA, o que demanda colaborações entre governos, plataformas digitais e representantes dos titulares de direitos. Essas questões tornam fundamental o debate público sobre o papel da tecnologia na criação musical e a necessidade de atualizações nas leis de propriedade intelectual. Autoridades internacionais vêm discutindo diretrizes para harmonizar o tratamento de obras geradas por IA em diferentes territórios, promovendo maior segurança jurídica para todos os envolvidos.
Como artistas e usuários reagem à presença de músicas geradas por IA nas plataformas?
A introdução de músicas criadas por IA tem gerado reações variadas entre artistas e ouvintes. Alguns músicos veem a inteligência artificial como uma ferramenta criativa complementar, capaz de inspirar novas tendências e colaborações. Por outro lado, há preocupações quanto à diluição do valor artístico humano, à concorrência desleal e ao uso não autorizado de estilos ou vozes de artistas reais nessas produções sintéticas. Entre os usuários, parte do público busca evitar faixas artificiais, valorizando produções genuinamente humanas, enquanto outra parcela demonstra curiosidade pelas possibilidades inovadoras que a IA pode oferecer à experiência musical. Essa diversidade de opiniões indica que o impacto cultural da IA na música ainda está em processo de assimilação e discussão. Além disso, fóruns e redes sociais dedicados à música têm se tornado espaços para debates acalorados sobre o futuro da criação artística frente ao avanço da inteligência artificial.
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